quinta-feira, 28 de julho de 2011
terça-feira, 19 de julho de 2011
Surpresa!
Capítulo VI
Aniversários costumam ser momentos muito especiais na vida das pessoas. Certamente, assim como muitas adoram e gostariam de poder viver mais dias como esse, outras só enxergam motivo para desgosto, um desejo de clicar na opção “não curti” do facebook, xingar todo mundo que ameaçar cantar parabéns... tudo por estar ficando um pouco mais velho. Não sei você, mas eu conheço pessoas assim.
Já elaborei algumas festas surpresa, para amigos e parentes. Lembro-me com carinho de uma que fizemos para as minhas irmãs mais velhas. Elas fazem aniversário no mesmo mês. A Josi no dia 24 e a Ana no dia 26 de julho e, portanto sempre comemoram o aniversário juntas.
Há alguns anos, acho que há uns três ou quatro, elas até fizeram uma tatuagem para marcar a data e acredito que também com o objetivo de se unirem ainda mais em torno de uma semelhança física.
Não somos muito parecidas fisicamente. Uma é branquela e tem cabelos pretos, a outra é morena clara e magra, com o rosto pequenino, eu sou um pouco mais morena ainda e tenho mais altura e lábios grossos, outra tem os cabelos claros... Também não temos muita semelhança nos aspectos psicológicos e variamos e extremamente extrovertida, palhaço de festa mesmo até a mais introvertida e meio nerd.
É bem comum que durante as festas na nossa casa os parentes discutam sobre as nossas semelhanças e claras diferenças, fato que só colabora para um crescente mau humor entre nós. Se tem uma coisa que detestamos, é essa análise descarada. Após as reuniões familiares, normalmente passamos horas discutindo essas impressões externas e em uma coisa sempre concordamos. Todos os comentários são inoportunos.
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Engraçado como existem surpresas de vários tipos. É sério. Você deve estar pensando que existem apenas as ruins e as boas, mas está enganado. Existem surpresas elegantes, inconvenientes, mal elaboradas, criativas, planejadas... e existem também aquelas que ninguém sabe quem preparou e nunca saberá. Essa última eu classifico como “surpresas divinas”.
Foi em fevereiro de 2010 que me ocorreu uma dessa surpresas. Claro que naquele momento eu não tinha como imaginar o quanto aquele momento provocaria mudanças na minha vida, mas lá estava eu participando de uma “surpresa divina”.
O ano letivo já havia começado há uma semana, mas como os primeiros dias são utilizados pelos veteranos na aplicação de trotes, resolvi que me ausentaria da faculdade nesse período. Passado todo o rebuliço da recepção de péssimo gosto aos calouros, mais ou menos no meio do mês de fevereiro, eu resolvi retornar a faculdade e iniciar o segundo ano da faculdade.
Após dois meses de férias eu estava com as energias recarregadas e com uma vontade incrível de rever meus novos amigos e aprender um pouco mais... não, não... muito mais sobre a minha futura profissão.
Naquele dia, uma segunda-feira, fiquei a tarde toda pensando em uma roupa para marcar o início daquele ano letivo. Escolhi o short que mais gostava e uma bata azul, toda xadrez e fofa que ainda amo. Toda contente me vesti e fui para a esquina da minha rua, no fim daquela tarde de verão, e esperei a van que me levaria para o Campus que fica na cidade vizinha a minha.
Alguns minutos depois o transporte chegou e ao entrar me deparei com algo que ainda não sabia se era legal ou assustador. No meio da van, sentadinho em uma poltrona, estava um dos meus antigos colegas de ensino médio. Naquele momento passou pela minha cabeça uma sequência de pensamentos na velocidade da luz – e aqui revelo que amo Star Wars.
“Ele está muito diferente, então não deve ser ele.”
“Não, com certeza é ele.”
“Como está forte.”
“Caramba! Será que eu também consegui ficar mais bonita nesse tempo?”
“Devo me esconder ou falar com ele.”
- Luis! – isso foi o que eu disse após ele levantar a cabeça, olhar nos meus olhos e demonstrar que também tinha me reconhecido. Confesso que isso magoou um pouquinho. Afinal, não devo ter melhorado muito.
Como não havia vaga ao lado dele, me sentei no banco da frente. Na verdade me ajoelhei, virei para trás e fiquei o tempo todo tagarelando sobre o tempo que tinha passado, o curso que ele estava fazendo, e me gabando de, apesar de também ter demorado a entrar na faculdade – fiquei dois anos sem estudar -, já era veterana e ele apenas um calouro.
O mais engraçado de tudo foi que em pouco tempo já estava conversando com ele como se fossemos velhos amigos, quando na verdade nem nos falávamos durante os três anos que dividimos a mesma sala de aula.
Aquele início de ano e sua “surpresa divina” estavam me saindo melhor que a encomenda. Eu teria pela frente um ano inteiro recheado de aulas práticas de telejornalismo e radiojornalismo, com uma cobertura de amizade saída do forno. Aqueles cerca de 320 dias tinham tudo para ser maravilhosos.
domingo, 17 de julho de 2011
Na vida, nada se aprende ouvindo falar
Uma coisa é bem divertida em ser jovem: a ladainha que os mais velhos insistem em jogar nos nossos ouvidos sobre erros que não devem ser cometidos. Quer saber, esses discursos de nada servem.
Quando ainda era bem pequena, tão pequenininha a ponto de não possuir nenhuma memória além das histórias que meus pais me contaram, resolvi dar um passeio pela casa e andando pela cozinha, usando móveis e paredes como apoio, acabei inadvertidamente colocando minhas sensíveis mãozinhas no vidro do forno. Minha mãe resolvera assar biscoitos de polvilho, delícia mineira, justo nesse dia e eu acabei com ambas as mãos queimadas. Uma pena para uma criança? Com certeza. Mas será que eu teria aprendido que era melhor ficar bem longe dali se minha mãe houvesse me dito isso? Pouco provável.
Tudo isso pode parecer apenas uma história boba e sem sentido, mas eu acredito realmente que nós, como verdadeiros animais que somos, só aprendemos na base da experimentação, da busca pelos nossos desejos, mesmo que para isso muitos erros nos aguardem no caminho. E cá entre nós... eles são essenciais.
No dia a dia sempre nos deparamos com escolhas que podem representar passos importantíssimos e ditar o norte de nossas vidas. A escolha que tomei em cursar Jornalismo com certeza faz parte deles.
Há alguns anos, quando ainda cursava o ensino médio, minha mãe resolveu me apresentar para um colega de trabalho dela. Ele tinha cerca de 20 anos, uns três a mais que eu. Não demorou muito e combinamos de nos encontrar no shopping para assistir a um filme: A era do gelo.
Até aquele momento nunca havia me apaixonado verdadeiramente por ninguém. Lógico que já havia passado pelos amorzinhos platônicos do jardim de infância e tido a experiência de amar profundamente um grande amigo durante os primeiros anos do ensino fundamental, quando ainda morava em Minas Gerais e a rua era meu parquinho de diversão. Nossa, só de pensar já me bate uma saudade louca.
Mas ele foi diferente. O diálogo era fácil, o olhar me dava um frio na barriga e o beijo... ah, foi apaixonante. Simplesmente não consegui ignorar tudo aquilo. Foi demais para mim. Em apenas um dia de convivência eu já estava loucamente apaixonada.
Infelizmente para mim, logo percebi que o romance da minha cabeça não existia. Em resposta a minha louca paixão recebi uma negativa de gelar até o mais duro dos corações. Ele havia terminado um namoro há pouco tempo e não queria se apaixonar. Este foram os dizeres do próprio foco de amorzinho da minha adolescência.
Juro que, apesar de parecer infantil da minha parte – e que se dane se foi imaturo, eu tinha só 16 anos – eu passei uns dois dias trancada no quarto me desmanchando em lágrimas.
Tudo bem que eu me acabar de chorar não é grande coisa. Em geral, grande parte das coisas me fazem chorar, dês de cenas de filmes infantis até um lindo livro de amorzinho. Só não sou do tipo que chora porque ganhou uma flor. Chorar de felicidade pra mim é o cúmulo... mas deixemos isso para lá.
Nesse dias de choro convulso minhas irmãs ficaram preocupadíssimas – por sinal ainda não disse que tenho três irmãs: a Josi – o nome dela é Josepine, mas ela detesta, então não espalha tá? – que é uma grande amiga, oito anos mais velha que eu, mas moleca-e-sapeca-como-ela-não-há; a Ana Paula – que eu chamo só de Ana mesmo por que ninguém merece ter que chamar alguém por dois nomes – é cinco anos mais velha que eu e meu ídolo, porque pra fazer Biologia – eita curso chato – e ainda prolongar os estudos com um Mestrado, tem que ser muito forte e corajosa; e a Isa, Bela, Bebel... a Isabela, minha imazinha caçula, cinco anos mais nova que eu, que é responsável por guardar meus maiores segredos.
Mas como eu ia dizendo, nesse dia minhas irmãs ficaram extremamente preocupadas comigo, principalmente quando eu disse que aquela situação havia me ensinado uma coisa. Homens não prestam e paixões são inúteis.
Tudo bem, vocês também devem estar condenando minha atitude, mas naquele momento eu estava profundamente ferida, e não dá pra ser racional numa hora dessas.
Por cerca de três anos fiquei em um verdadeiro vai e vem nesse relacionamento indefinido: de ódio ao amor, de amiga à ficante. Até hoje não sei como classificar esse momento da minha vida. Simplesmente não faço idéia do que éramos, muito menos do que somos hoje em dia. Todas as semanas ainda trocamos ao menos uma mensagem no facebook ou algumas palavras no MSN, mas enfim desencanei desse romance sem propósito.
A Josi deve estar orgulhosa de mim agora. Não consegui ouvir os conselhos dela sobre o amor antes de vivê-lo, mas agora entendo cada uma de suas palavras.